terça-feira, 27 de novembro de 2012

formigas de aço comiam grafitis de açucar e canela naquela madrugada esponjosa
em que esculpia na varanda a estátua do perdão
que o carteiro não ousou entregar-te.
estava nervoso e atirava beatas incandescentes sobre os carros
que choravam labaredas até desaparecerem no horizonte.
o mundo já não era vida, e a morte era ilusão.
ela olhava pela janela e atirava murmúrios íntimos sobre o jardim.
eu, de costas, reflectia para o espelho adjetivos sobre mim.
que soberba ausência de barba.
que rosto esplendoroso desvendei.

a criada atravessou o corredor frio espalhando  juliette has a gun.
para que vidas vai?
não sei.
perfumará narizes em forte inspiração.
o tempo corre e com ele partem vão ideias de  comer o mundo
e torná-lo nosso por caprichosa possessão.
no quarto apenas nós.
e a vida que sonhei.
hoje ou amanhã.
natureza morta.
montanha gélida.
cinzas e lágrimas a escorrer pela cara pálida(um estuque ou um monge).
o futuro mora longe.
a china desperta.
a américa em alerta.
o povo não tem pão. nem telemóvies. nem televisão.
os sem-abrigo tocam na orquestra.
prenderam a igreja.
a politica não presta.
o circo despediu o palhaço feliz.
o capital apodreceu pela raiz.
paris cheira a merda.
todos roubam.
ninguém herda.
a nuvem espalhou o terror.
mais tempo de espera.
mais oportunidades no amor(a preços únicos, irrecusáveis,irresistiveis).
comi um iogurte com pedaços de medula e sangue
no desespero de engolir-te e entronar-te serva do meu ser.
tinha a alma em desassossego e o frigorifico aberto.
comer-te faz-me sentir louco,
ainda que numa quantidade obscena de quem come pouco.

só queria ter-te por perto, mas errei!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

morreu o homem infinito.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

como é tentadora a dor de saltar da varanda e cair no chão.
e como repele a visão das consequências.
estou no limbo de ver-me daqui a morrer lá em baixo.
no entanto, vou fumando enquanto os carros passam.